quarta-feira, 23 de junho de 2010

Gerando e Colhendo Frutos

Faz tempo que estou ensaiando pra escrever um pouco sobre o coletivo, sobre as proposta do Esperança Garcia, mas é tanto entrave, tantas questões a serem abordadas que da um nó... Até porque falar de e como mulher é sempre delicado, nos cobram o tempo todo de uma linha, um parágrafo, um ponto de interrogação, mas, falamos, escrevemos nos expomos da mesma forma.


Quando decidimos montar um coletivo de mulheres já nas primeiras semanas já notamos a curiosidade de muitos (o que elas querem fazer?) ou (o que elas pensam que são?), sempre digo que tudo que nós mulheres decidimos fazer parece ser sempre uma brincadeira, mas estamos aí.

O fato é que queríamos dialogar com outras mulheres de todas as vertentes artísticas, literatura, musica teatro, dança artes plásticas, etc... Enfim, sabemos que essas mulheres sempre existiram no movimento artístico, mas a não tem tanta visibilidade, mesmo fazendo parte de movimentos culturais o que se sobressai sempre é uma figura masculina, o que acontece? Será que nosso talento é limitado? Tenho certeza que não!

Nunca consegui compreender direito tudo isso, sempre vejo discurso de que somos todos iguais, mas na hora de ter um representante homem é sempre visionado como o mais responsável, o mais preparado, o mais tudo, a mulher é a companheira, a ajudante, a invisível.

Em março desse ano fizemos um evento no CCJ, a quem diga ousado, conseguimos juntar boa parte dessa mulherada que esta na atividade nas periferias de Sampa, e foi tudo muito lindo. A responsabilidade só aumentou com esse evento e com outros que planejamos, são tantas parcerias formadas, tanta gente que acredita que para conseguirmos o que queremos temos que unir forças e não ser milhares mais sermos uma só, sonhando o mesmo sonho, dividindo as mesmas diferenças...

Continuamos no sonho de derrubar os obstáculos e fazer o nosso sem esperar que façam pela gente, pois foi isso que Esperança Garcia fez ao escrever a carta para as autoridades do Piauí em 1870, se ela conseguiu o que pedia na carta, acredito que não, mas foi muito mais além do que ela imaginou tenho certeza, se tornou uma das pioneiras na escrita feminina, e referencia de luta e de coragem.

Espero que possamos lutar e resistir como Esperança e tantas outras mulheres, pois a muito o que fazer ainda e eu sempre digo: “Quero poder preparar o terreno para a pequena Yakini.”



Axé!
Raquel Almeida

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